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Futuros de Dólar na B3

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20/10/2020
Berenice Righi Damke
Especialista em Gestão de Riscos Financeiros e Derivativos

Quando a gente olha para esse gráfico, a gente já de cara percebe como a taxa de real por dólar é volátil. "Tá bom, mas Berenice conta para mim, como você está olhando para esse gráfico e diferindo isso?" Bem, uma das coisas que você pode pensar é só no olhar de um gráfico como esse, é verificar como ele sobe e desce ao longo desse período que nós estamos aí analisando.

Esse gráfico é dos cinco últimos anos, cinco anos para cá agora do dia 13/08/2020, que foi a data que fiz esse print. Quer ver esse gráfico hoje? Clica aí no link da Bloomberg, dá uma olhada como é que ele está hoje, você que está aqui assistindo a este vídeo.

Bem, no dia que eu tirei esse print, ele estava na casa de R$5,37 por dólar. E esse é o nível de câmbio que em 2020 trouxe alguns impactos para as companhias brasileiras, que foram em sua maior parte adversos do ponto de vista dos endividados dolarizados que sofreram pauta do câmbio custando mais reais, e foram positivos para aqueles que são exportadores e puderam se beneficiar dessa alta de câmbio.

Bem, do ponto de vista de derivativos é importante, a gente entender que há uma diferença entre a taxa de câmbio, hoje chamada de spot comercial ou pronto, e o dólar futuro. Por quê? Porque hoje é um universo de câmbio que a gente chama de mercado de câmbio pronto, que estão negociações liquidadas em até dois dias úteis.

E que dentro desse universo de câmbio pronto, o que será usado para referência na negociação, é justamente essa taxa de câmbio que a gente ouve todos os dias aí no noticiário com o nome de dólar comercial e que no mercado financeiro normalmente recebe o nome de pronto ou spot.

Certo. Mas essa taxa de câmbio, gente? Ela vai juntinha, de braço dado com o dólar futuro, e eu te explico o porquê. Tem uma equação por baixo que rege essa relação e essa interdependência entre os proativos. Mas vamos lembrar então que o futuro é um derivativo, e ele é normatizado, regulado pelos agentes do mercado de derivativos, que no Brasil, especialmente a CVM, que também, é claro, quer saber como as companhias usam essas operações.

E o mercado de câmbio é muito bem regulado normatizado pelo Banco Central. As operações de derivativos cambiais não são operações de câmbio, portanto, elas não seguem a legislação de câmbio do Banco Central. É importante a gente fazer essa diferença, porque muitas vezes no dia a dia dos negócios tem uma certa ou confusão. E é importante a gente separar, porque na hora de liquidar as operações de derivativos, a gente vai ter que olhar para a taxa do dia, para o cálculo do ajuste.

Assim como na hora de negociar, você vê que a taxa do dia vai importar, mas ao longo da vida da operação, a gente tem que tratar isso como coisas diferentes. Lá no dia do vencimento, se a gente fez um derivativo quando tínhamos uma exportação ou uma importação, um pagamento recebido do exterior, isso continuará sendo liquidado pela taxa do dia, normalmente spot comercial.

Enquanto o derivativo terá a sua liquidação separada e independente, e normalmente um Ptax, já ouviu falar? Ptax é a taxa média divulgada pelo Banco Central e ela é formada no período da manhã, das 10:00h até às 13:00h. Isso significa que tudo o que acontece no mercado durante à tarde, das 13:00h até às 18:00h, não afeta a Ptax.

Isso é um ponto interessante de observar, por quê? Se você tem uma operação de derivativos para liquidar e você também tem que fechar [inaudível] para fazer, é importante tentar fazer esses dois momentos por taxas mais parecidas possíveis, né? Para não ter um descasamento, alguma diferença ali entre o que você paga e o que você recebe.

Portanto, você deve observar a regra de liquidação do seu derivativo, que muitas vezes é a Ptax do dia anterior e buscar fechar o teu câmbio pronto. Se possível essa mesma Ptax, se não for possível, por um spot que seja negociado mais ou menos aí nesse horário, e se possível no mesmo dia em que está se formando a Ptax, que será usada para a liquidação do seu derivativo. Fica a dica então, justamente para você poder não ter esse descasamento que às vezes acontece.

Bem, deixei aqui o link para você se exercitar um pouco mais, para você explorar um pouco mais esse universo de taxas de câmbio informadas pelo Banco Central. Dá uma olhada lá então e lembra que esse universo, regulado pelo Banco Central, é o que a gente chama de câmbio pronto e é negociado nas mesas de câmbio dos bancos.

O dólar futuro é outro ambiente e funciona de uma forma diferente. Bem, o dólar futuro é negociado na B3 e esse contrato listado tem como referência para cotação US$1.000. Interessante, porque a gente costuma falar a taxa de câmbio pensando não em mil, mas como se fosse o número da B3 dividido por mil.

Então, por exemplo, eu digo que o câmbio é R$5 por dólares, R$4 por dólares, R$3 por dólares. Já no dólar futuro, ele seria R$5.000, R$4.000 e R$3.000. É a regra de negociação desse futuro na B3. E o tamanho do contrato, o lote padrão é de US$50.000. Mas também existe o contrato mini e o mini dólar é por padrão, o lote padrão de US$10.000.

Então, se você é uma empresa de menor porte e se você precisa fazer algum tipo de operação de dólar futuro, derivativo cambial de volume menor, você pode usar os mini contratos futuros para fazer a sua proteção, eventualmente, a sua especulação. Vários futuros da B3 têm mini, também nas commodities e também nas ações.

Então, se informa junto à sua corretora para entender melhor se existe essa possibilidade de você negociar o mini, porque isso torna esse mundo de derivativos abastecido, não só as empresas e investidores de maior porte, mas também as de menor porte.

Bem, vamos então para um pouquinho de matemática. Essa equação eu preciso te mostrar, porque ela rege tudo o que acontece nesse mercado de derivativos cambiais. Bem, aqui então você está olhando para uma equação que te mostra o que vem por trás do dólar futuro.

Sim, o dólar futuro é calculado com base no spot, a taxa de câmbio do dia da sua negociação, e em cima desse spot, a gente usa a variação ou a inclinação das curvas de juros em reais e em dólar. Um DI futuro é também um futuro da B3, que mostra para a gente a expectativa do DI, taxa de euros em reais para datas futuras. Então, embora ele se chame DI, na verdade, o que a gente quer negociar é a taxa prefixada percentual ao ano equivalente a 100% do CDI nessa datas futuras.

Por fim, o cupom, também chamado de cupom limpo, é um mercado de derivativos chamado de FRC, Forward Rate Coupon, FRA de Cupom Cambial. E este cupom cambial nada mais é do que taxa de juros em dólar negociada no Brasil. Essa taxa é parecida, ela se aproxima da LIBOR, que é a taxa de euro em dólar do mercado americano.

Então, toda vez ou quando as taxas de juros em reais forem maiores que as taxas de juros em dólar, esse diferencial, o resultado aí dessa fração - CDI dividido por Cupom - será um número positivo maior do que 1. Fazendo portanto, que esta taxa forward, que esse dólar futuro, seja maior do que o spot.

Então, isso quer dizer, gente, que quando você compra um dólar futuro, você paga por ele no nível taxa de câmbio real x dólar maior do que o spot, maior que o comercial que você está ouvindo lá no noticiário. E isso será assim enquanto os juros em real for maior que os juros em dólar, justamente por causa dessa equação que agora estou te mostrando.

E seja claro, que nesse caso então nós vamos ter sempre que trabalhar com a projeção da taxa em real e da taxa em dólar para aquela data futura que nós queremos negociar o forward ou o futuro de dólar.

Portanto, aqui nós também, claro, podemos ver este número mudar quanto às expectativas desses futuros, e antes de fazer esse cálculo, precisamos também ajustar essa faixa, que por definição é um percentual ao ano para o prazo da nossa operação.

E importante lembrar que nesta hora de ajustar, os juros em reais são: exponenciais, são os juros compostos, enquanto os euros e dólares são lineares, juros simples. Por isso esse jeitinho de fazer a conta, ok?

Então, esta forma é muito importante para a gente. E é importante que você saiba, justamente porque ela vai reger essa formação dólar futuro. Ela, claro, também afeta a negociação do cupom cambial que é um mercado menos líquido, mas também é importante e que pode ser consumido inclusive para você fazer algum tipo de arbitragem quando capta dinheiro em moeda estrangeira no exterior e pode aplicar no cupom cambial, pode estar comprável nesse futuro da B3. O mercado de DI futuro é o mais líquido da B3 e a gente vai falar sobre ele no próximo vídeo.

Este vídeo é sobre o futuro de DI de 1 dia na B3. Esse futuro é uma taxa prefixada em percentual ao ano e equivalente a 100% do CDI. Então, quando você negocia o DI futuro, você negocia a projeção dessa taxa para datas futuras, para vários meses e anos à frente da data atual, da data que você está fazendo a sua negociação.

E até por ser o derivativo mais líquido B3, a gente normalmente encontra a liquidez nesse acordo para casos bastante novos, normalmente até dez anos. Obviamente que a liquidez vai reduzindo ao longo do caminho, [inaudível] são bastante líquidos, até porque eles referenciam essas curvas de juros de longo prazo no nosso país.

É importante a gente entender que o DI futuro é sim "inspirado" na taxa Selic, definida pelo Copom. Mas são coisas totalmente diferentes, por quê? A Selic é uma taxa de juros de curto prazo. A Selic Meta, que é definida pelo Copom, muda toda vez que o Copom se reúne, e isso acontece a cada 45 dias.

Então ela, aliás, muda como uma escadinha para cima ou para baixo, ela vai dando pulos à medida em que o Copom toma as suas decisões. Quando a gente olha, por exemplo, para este gráfico que eu trouxe lá do site do Banco Central, você vê que de julho 2019 a outubro 2020, que é o período desse gráfico, a Selic desceu a escada. E o DI futuro, o que aconteceu com ele nesse prazo?

Bem, nesse gráfico da direita, eu estou te mostrando a evolução do DI futuro em janeiro de 2021. Então, aqui não é a curva do DI em todos os diferentes futuros. É um futuro apenas: janeiro 2021. E como ele evoluiu ao longo do último ano, desde que ele começou a ser negociado? O que a gente percebe é que esse janeiro 2021 também fez um movimento que lembra um pouco essa escadinha que a Selic fez.

O que significa, na prática, que os futuros, claro, acompanham os movimentos que vão sendo feitos pelo nosso Comitê de Política Humanitária do Banco Central brasileiro. E, portanto, quando a gente tem uma expectativa de queda de juros e esses juros caem de maneira geral, eles caem numa aceleração parecida com o que acontece com a Selic.

Por que eu disse parecida? É porque, normalmente, não é exatamente igual e a curva dos futuros também não reage de uma maneira absolutamente homogênea. Às vezes, os futuros mais curtos, ou seja, os primeiros vencimentos, reagem muito alinhados aos movimentos feitos pelo Copom. Porém, os mais longos, de dois, três, quatro, cinco, dez anos para frente, seguem um compasso diferente.

Então, às vezes, a gente tem um movimento de queda mais acentuado nos futuros curtos e isso não se reflete nos longos, por quê? Vamos lembrar que o longo prazo, precisa remunerar adequadamente a relação risco x retorno. E se eu não tiver uma remuneração maior no longo prazo, eu investidor, não tenho apetite e nem interesse para fazer nenhum tipo de investimento de longo prazo, vou querer investir só no curto, que não vai ter prêmio pelo risco todo.

Então, do ponto de vista teórico, a curva de DI futuro tende a ser crescente, pagando juros maiores, prêmios maiores no longo prazo. Isso é e foi sempre assim? Não, a gente já presenciou alguns movimentos dentro mercado brasileiro e internacional que isso se inverteu.

E, às vezes, eu posso ter situações que a da curva inverte a trajetória ao longo do caminho. Eu tenho um período em que eu espero redução de juros e outro em que eu espero um aumento de juros. Ou simplesmente um juro maior, porque senão eu não fico, não invisto no longo prazo.

Então, a inclinação nas curvas pode variar, mas vamos lembrar que é esta curva do DI futuro que traz a relação risco x retorno e o custo de oportunidade de longo prazo no nosso país.

Portanto, se você vai aplicar ou tomar dinheiro para prazos longos, não é a Selic que vai definir a taxa de juros da sua aplicação ou do seu empréstimo, e sim o DI futuro do prazo mais próximo do seu vencimento. Combinado?