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Mercado Financeiro e Fintechs

Introdução a Derivativos - Casos Aplicados de Uso de Derivativos, por empresas listadas na B3, em 2020: - Caso Prático 3 - Minerva

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20/10/2020
Berenice Righi Damke
Especialista em Gestão de Riscos Financeiros e Derivativos

Esse vídeo debate o caso da Minerva, que é uma empresa que tem uma estratégia diferente da Suzano e da Klabin, que nós acabamos de entender. Primeiro: uma coisa que eu adorei é que na nota de gerenciamento de riscos e instrumentos financeiros, já logo de início, a Minerva esclarece sobre como ela faz a mensuração e gere os riscos financeiros do negócio. E escreve que ela usa o VaR como uma métrica para decidir o quanto ela corre de risco financeiro. O VaR ou Value at Risk é uma métrica muito usada por instituições financeiras, para verificar quanto ele pode perder, dada a sua exposição a cada fator de risco. É difícil a gente achar esse tipo de referência nas nota explicativas, mas algumas empresas de grande porte também usam essa métricas de VaR para nortear a sua tomada de risco, a sua exposição ao risco. E vale comentar que pouquíssimas companhias ficam 100% "hedgeadas". O mais comum é a gente ver as empresas fazerem hedge parcial da sua exposição. E, portanto, claro, tem sim que monitorar o quanto você está assumindo de risco e quanto isso pode ter de impacto no seu caixa.

No caso de Minerva, a gente também encontra no ITR, e esse é o do segundo semestre de 2020, como está a situação da empresa, do ponto de vista de moedas a que ela está exposta, do ponto de vista de como ela está usando os derivativos para fazer o hedge dessa exposição cambial líquida. E aqui, então, mais uma vez, a empresa dando para a gente um exemplo prático de cálculo dessa exposição cambial liquida. E mostrando que, depois que você olha para recebimento e pagamentos dolarizados, incluindo as posições de derivativos e endividamento, você então decide sobre o volume de hedge a ser feito. No caso de Minerva, a gente também percebe, seguindo a analisar a nota de fatores de risco, que a empresa usa uma combinação de vários derivativos para fazer os seus hedges. Ela faz futuros, opções, swaps, NDFs de moedas e de commodities. E é interessante perceber que aqui, quando olhamos para essa parte de NDF de dólar, chama atenção que ela tem tanto NDFs vendidas quanto compradas em dólar. Mas analise aqui que os vencimentos são diferentes. E isso tem a ver, justamente, com os prazos desses recebimentos e pagamentos que a companhia possui. Vamos lembrar que essa companhia é uma acompanhante carnes. Mas que estes animais consomem insumos que também têm um componente dolarizado.

Então, esta compra e esta venda têm a ver com momentos no tempo em que a companhia compra os insumos dolarizados ou tem dívidas dolarizadas e momentos em que ela faz as receitas de exportação. Então, vale perceber que, aqui, ela trouxe essa abertura até para dar para a gente essa visibilidade de que não é que ela inverteu a mão porque um momento ela decidiu comprar e outro ela decidiu vender. Não. Essas compras e vendas têm um fundamento que é justamente descasamento de prazo que existe entre os fluxos que estão expostos ao risco de variação cambial. E, por fim, vale comentar que a Minerva é uma empresa que está focada em proteger o seu resultado em reais. E a gente consegue evidenciar isso, justamente, nessa parte de fatores de risco, em que eu destaquei esta tabela. Percebam que ela faz hedge da venda do gado. E essa venda, então, está atrelada ao preço do boi e pode trazer menos reais, caso esse preço caia no futuro, na data em que ela comercializa essa carne. Então, ela é favorecida por uma alta deste preço. Mas, claro, pode fazer um hedge para evitar que a baixa do preço traga uma receita menor do que o previsto.

E a gente vê que, do ponto de vista líquido, a companhia consegue se favorecer da alta, o que é um ótimo sinal. A gente tem aqui situações, então, que têm a ver com Invoices. Essas Invoices aqui são recebimentos dolarizados. E, de novo, aqui a companhia consegue se beneficiar em movimentos da alta de câmbio, porque faz hedge das suas receitas de exportação. E, do ponto de vista liquido, ela, em movimentos de alta de câmbio, se beneficia. Porque ela não faz hedge de 100% da receita, faz só de uma parte. E aqui, quando a gente olha para as captações, ou seja, para as dívidas dolarizadas, a gente percebe que ela também faz alguns hedges de dívida. E do ponto de vista liquido, então, a companhia acaba, sim, tendo uma questão, porque tem dívidas dolarizadas de longo prazo que acabam também afetando este resultado quando trazido para reais. De toda forma, o que a gente percebe é que parte desse aumento do câmbio do seu endividamento dolarizado é mitigado pelo uso de derivativos. Isso suaviza o impacto do câmbio sobre a dívida. Então, é uma companhia que, quando você soma e analisa essas estratégias, você percebe que está focada em produzir um resultado em reais protegido. E, de novo, não tem certo nem errado. É só um jeito diferente de fazer estratégia de hedge, quando comparado a companhias exportadoras como a Suzano, por exemplo.