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Mercado Financeiro e Fintechs

Introdução a Taxas de Juros

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01/01/2017
Eric Barreto
Partner e Prof. do Insper

Antes de apresentar algumas taxas de juros bastante comuns no mercado financeiro, vamos brevemente introduzir o que chamamos, em finanças, de "Taxa livre de drisco". Segundo Damodaran, a taxa livre de risco deve ter as seguintes características. Não pode ter risco de default. Como consequência, nenhum título privado pode ser considerado livre de risco, restando somente os títulos soberanos.

Não pode haver risco de reinvestimento. Daí decorre que, para ser considerado livre de risco, um título soberano tomado como referência, precisa ter vencimento parecido com o do projeto sob análise e não pagar cupons. A taxa usada tem que estar na mesma moeda dos fluxos de caixa. Não adianta pegar um título em dólares para fazer um valuation em reais. Taxas reais e nominais são bem diferentes. Não adianta projetar o crescimento de uma empresa considerando a inflação e usar uma taxa real.

Alguns componentes inerentes à atividade de crédito, e que têm uma participação fundamental na formação das taxas de juros praticadas, são:

Você acabou de ver alguns componentes à atividade de crédito que são fundamentais na formação das taxas de juros. Agora vamos mostrar um exemplo de como realizar esse tipo de cálculo. Suponha que o banco capte R$ 500 milhões com custo de captação de 7% e custos operacionais e administrativos de R$ 65 milhões. Considerando um inadimplência aproximada de 10%, e uma margem de lucro de 30% sobre essa receita de juros, qual seria a taxa de juros para esse tipo de empréstimo?

Para começar, a taxa de juros precisa ser suficiente para pagar o custo da captação e os custos operacionais e administrativos do banco. Uma taxa de 20% produziria uma receita de R$ 100 milhões, que é exatamente a soma do custo de funding com os custos operacionais e administrativos.

O banco precisa se precaver contra o risco de inadimplência que incide sobre o principal e também sobre qualquer outro valor cobrado. Por isso, ao incluir o risco de inadimplência no preço do empréstimo, multiplicamos essa taxa pela soma dos outros valores cobrados. Veja que ao multiplicar a taxa de inadimplência, 10%, pela soma de R$ 500 milhões iniciais, mais o custo de funding, R$ 35 milhões, e os custos operacionais, R$ 65 milhões, o banco obtém o total de R$ 60 milhões.

Vamos considerar que a margem de lucro desejada pelo banco seja um percentual sobre a sua receita de juros. Então, devemos multiplicar essa taxa por todos os outros componentes do preço do empréstimo. Nesse caso, a margem de lucro desejada pela instituição é de 30%, realizando a soma de R$ 35 milhões de custo de funding, mais R$ 65 milhões de custos operacionais, mais R$ 60 milhões de inadimplência vezes 30%, temos a margem de lucro de R$ 48 milhões. Dessa forma, a receita de juros da instituição seria a soma de cada um desses pedaços cobrados pelo cliente, ou seja R$ 208 milhões.

Dividindo esses R$ 205 milhões pelos R$ 500 milhões iniciais, encontramos uma taxa de 41,6%. Essa taxa precisa ser suficiente para cobrir todos os riscos, os custos, e a margem de lucro. Dessa forma, percebemos que a taxa de juros é o resultado da composição dos vários custos, dos riscos e dos lucros. Se você ficou com alguma dúvida, assista esse vídeo novamente e experimente fazer os cálculos junto comigo.