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Mercado Financeiro e Fintechs

Hedge, especulação e arbitragem com derivativos

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20/10/2020
Berenice Righi Damke
Especialista em Gestão de Riscos Financeiros e Derivativos

Outra coisa importante da gente saber é que os derivativos normalmente são usados pra fazer uma proteção em relação a um risco, normalmente de mercado. "Ah e esse risco de mercado é o quê, professora?" Esse risco tem a ver com aquilo que a gente costuma chamar de volatilidade, ou seja, a variação do preço de uma taxa de um ativo-objeto em relação ao qual a gente quer se proteger ou, eventualmente, especular. "Não dá pra gente fazer a proteção de outros riscos?" Sim, como empenhantes que têm o derivativo de crédito e que a gente se protege de variações em relação ao risco de crédito. Mas aqui no Brasil o nosso foco de derivativos é proteção para o risco de mercado. As variações adversas do ativo-objeto que, então, dará o embasamento pra gente decidir sobre qual derivativo usar, que volume, que prazo, se compra ou se vende. É a partir do entendimento disse risco, dessa situação-alvo da nossa negociação, que a gente decide sobre o derivativo. Então essa história toda começa com uma pergunta-chave que é: "Qual é o risco?" E se a gente identificar e mapear direitinho esse risco, provavelmente a gente usa o derivativo correto e o resultado dele, também, será facilmente comprovado. E, se a gente estiver fazendo pra fins de "hedge", e se a nossa empresa, por exemplo, adota contabilidade de "hedge", o hedge accounting certamente não será difícil mostrar que, de fato, o derivativo está trazendo o resultado e cumprindo sua missão de "hedge". Vamos entender, então, sobre como os derivativos podem ser usados. Existem três principais aplicações. Vamos saber? Empresas, fundos de investimento, bancos, corretoras e investidores podem usar derivativos pra fins de hedge e esse uso, aliás, é muito comum entre empresas não-financeiras, não só aqui no Brasil, mas ao redor de todo o mundo. E o "hedge", então, vamos lembrar que é sinônimo de proteção. É quando a empresa usa um derivativo pra se proteger de uma variação adversa, de uma situação que pode fazer com que a companhia tenha uma receita menor do que o previsto, uma despesa maior do que o previsto, tanto operacional quanto financeira. Podemos usar, por exemplo, os derivativos para nos proteger de uma alta do câmbio em relação à matéria-prima importada ou uma alta do câmbio em relação à dívida em dólar, uma alta da taxa de juros em relação à uma taxa pós-fixada ou mesmo a um indicador de inflação que nós tenhamos no nosso endividamento. Então, "hedge" é uma das principais utilidades do derivativo, mas não é a única. Além do "hedge", a gente também pode usar o derivativo pra fazer algum tipo de aposta ou especulação. E, gente, isso não necessariamente é de todo mal. Aliás, o especulador tem um papel muito importante no mercado financeiro, que é dar liquidez ao mercado porque é ele ou ela que, quando todo mundo quer comprar, vende, ou o contrário, quando todo mundo quer vender, compra. E se não houver essa contraparte, não há negociação. Então, esse especulador, também tem, claro, um motivo, uma razão, muito importante de ser. E nesse caso, muitas vezes os especuladores fazem que a gente chama de uma aposta direcional, ou seja, fica comprado, fica vendido, fica apostando num movimento de alta ou baixa de um ativo-objeto. E por outras vezes não, por outras vezes montam estruturas mais elaboradas, via de regra com opções em que apostam por exemplo em volatilidade, quer dizer, em quanto eu tenho de risco de mercado em cada ativo-objeto. Então, esses especuladores podem agir de diversas maneiras, algumas mais simples, outras mais complexas, mas tem sim a sua importância e a sua razão de existir no nosso mercado financeiro. A gente também pode usar derivativos pra fazer arbitragem. Arbitragem consiste em achar o mesmo ativo-objeto sendo negociado em dois mercados diferentes por preços diferentes. E aí, claro, a ideia é que você compra onde está mais barato e vende onde está mais caro. Com tanta tecnologia no mercado financeiro, esses espaços de arbitragem vêm cada vez se escasseando mais. Mas existem alguns robozinhos que ficam de olho nessas oportunidades e, na medida que elas surgem, claro, aproveitam esta pequena distorção de preço que tende a se fechar rapidamente. Mas ela existe, e só um ponto a observar é que, em commodities, muitas vezes ela acontece. Mas isso tem a ver com o que a gente chama de "basis", que são as questões relativas à logística e à comercialização das commodities e, nós temos que observar que, por vezes se somos aqui uma empresa que produz uma commodity no Brasil, a formação de preços da nossa commodity não será a mesma que acontece em Chicago, por exemplo. E essas diferenças, então, nós temos que contemplar na hora em que decidimos sobre que derivativo usar, o volume, o prazo e os detalhes deste derivativo que vamos negociar porque precisamos levar em consideração essas diferenças de base, essas diferenças de localidade em que as commodities são produzidas, comercializadas e aquela que referencia o contrato de derivativo. No caso do café, esse exemplo que eu mencionei, a gente tem café negociado aqui na Bolsa brasileira B3 e temos café negociado em Nova Iorque. É o mesmo tipo de café arábica, é um dos possíveis a ser negociados, porém, é negociado numa unidade diferente. As unidades métricas também mudam de país pra país, então temos que observar isso. A gente aqui no Brasil gosta muito de falar em saca, mas no mercado internacional se negociam *[inaudível], se negociam outras unidades métricas que não são saca e, pra fazer essa comparação e ver se há alguma diferença de preço ou não, você precisa, antes, ajustar essa unidade métrica de negociação e também, por vezes, a moeda, para poder verificar se há ou não oportunidade de arbitragem.