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Hedge accounting de dívidas no exterior

Hedge accounting de dívidas no exterior
02/03/2020
Wesley Carvalho
Expert

Muitas empresas no Brasil acessam linhas de crédito no exterior, onde o custo da dívida historicamente é mais barato, uma vez que as taxas de juros internacionais eram bastante menores do que a taxa de juros nacional. Boa parte dessas operações de crédito eram realizadas com base na Lei 4.131.

Embora essas dívidas possuam taxas de juros menores, as empresas brasileiras ficam expostas à variação cambial, pois geralmente as linhas de crédito são contratadas em dólar. Assim, um choque de alta na paridade cambial do dólar em relação ao real torna o empréstimo mais caro. Para não correr esse risco, grande parte das empresas contratam operações de hedge para trocar o risco de variação cambial por um risco de taxa de juros em reais.

Entre os instrumentos financeiros mais utilizados para esse tipo de hedge, está o swap, contrato realizado sobre um valor base (nocional), o qual da origem a um direito e a uma obrigação remunerados a taxas e moedas pré-determinadas. Para proteger um passivo em dólar e que também é remunerado a uma taxa de juros prefixada (USD + taxa), contrata-se um swap com leg ativa (direito) de USD + taxa. Na leg passiva (obrigação), teremos uma remuneração em reais (BRL), que será pré ou pós-fixada. Na tabela abaixo podemos visualizar de forma mais clara o mecanismo do hedge:

Partindo do pressuposto que as características tanto do instrumento (swap) quanto do objeto de hedge (dívida) são idênticas, a exposição resultante do hedge será exatamente a ponta passiva do swap.

Já sob o ponto de vista contábil, há um descasamento que surge pela diferença entre bases de mensuração, conforme tabela abaixo:

Tal diferença gera volatilidade no resultado contábil, o que não representa da forma mais fidedigna o relacionamento do hedge nas demonstrações financeiras. Se designarmos essa relação como um hedge contábil, teríamos os seguintes efeitos teóricos no resultado contábil:

Tanto o hedge de valor justo quanto o hedge de fluxo de caixa eliminam ou reduzem o descasamento contábil, porém cada um possui um método de contabilização particular.

Especificamente para o hedge de fluxo de caixa, a variação do valor justo represada no PL é somente aquela que é considerada efetiva (eventuais inefetividades afetam a DRE), e é baixada para resultado à medida que o principal da dívida é liquidado. Leia também nosso artigo sobre contabilização de hedge de valor justo e hedge de fluxo de caixa.

 
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