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Contabilidade

O que é goodwill no contexto de uma combinação de negócios

O que é goodwill no contexto de uma combinação de negócios
14/05/2020
Eric Barreto
Partner e Prof. do Insper
Wesley Carvalho
Expert

O “goodwill” ou ágio por expectativa de rentabilidade futura é um ativo intangível que representa benefícios econômicos futuros resultantes de uma combinação de negócios, o qual decorre de benefícios econômicos que não são individualmente identificados e que, por esta razão, é reconhecido de forma separada dos demais ativos.

O goodwill pode ser mensurado pela diferença entre o valor da contraprestação paga em uma aquisição e os ativos líquidos da entidade adquirida (seu PL a valor justo), conforme a seguinte equação:

GO=(VCA- VJAL)

Onde:
GO = Goodwill
VCA = Valor da contraprestação paga pela aquisição de uma entidade
VJAL = Valor justo dos ativos líquidos identificáveis da empresa adquirida

Quando falamos em ativos líquidos, estamos nos referindo à diferença entre os ativos e passivos da entidade adquirida, incluindo ativos e passivos que não estavam contabilizados, como passivos contingentes, por exemplo.

Desta forma, na data da aquisição, na empresa adquirente, os registros contábeis devem representar o somatório de ativos relacionados a (ao):

  • Valor patrimonial da empresa adquirida (PL contábil);
  • Mais-valia dos ativos líquidos; e
  • Ágio por rentabilidade futura (goodwill).

Esses três valores somados devem representar o valor total da contraprestação paga pela empresa adquirente.

Embora, em uma análise superficial, possa parecer estranho pagar um valor maior do que uma empresa vale do ponto de vista patrimonial, isso é naturalmente praticado, pois a empresas possuem ativos não mensurados na contabilidade, tais como:

  • Marcas;
  • Capacidade de distribuição;
  • Carteira de clientes; entre outros.

Além disso, a sinergia da entidade adquirida com os negócios da adquirente também costuma gerar valor, o qual não pode ser atribuído a um ativo específico. Essa sinergia é uma das principais responsáveis pelo goodwill. Portanto, o valor da empresa pode ser superior ao seu valor patrimonial, e normalmente é.

Outro ponto interessante a ressaltar é que o goodwill, do ponto de vista tributários, pode ser amortizado e registrado como despesa dedutível da base de tributos sobre a renda.

Ora, então, em uma combinação de negócios, o ágio pago será sempre tratado como goodwill? Não. Para ser registrado como ativo, e não como resultado, no momento da combinação de negócios, é preciso que haja expectativa de rentabilidade futura. Se uma aquisição for realizada estrategicamente, para evitar que um concorrente cresça e ganhe marketshare, por exemplo, a transação pode fazer sentido do ponto de vista estratégico, mas se o ágio não estiver associado a futuros benefícios econômicos, ele não é goodwill.

Em uma combinação de negócios, o valor da contraprestação paga é sempre superior ao valor dos ativos líquidos da entidade adquirida? Na maioria das vezes, sim, mas nem sempre, e quando o valor pago for menor do que o valor dos ativos líquidos da adquirida, não diga que foi apurado um “badwill”. Dizemos, nesses casos, que foi feita uma compra vantajosa, e o ganho apurado nessa compra vantajosa (VJAL-VCA) deve ser registrado como resultado no exercício da combinação de negócios.

Por fim, o goodwill somente é registrado nas demonstrações contábeis quando resultar de uma aquisição que ocasione a obtenção de influência significativa, controle ou controle compartilhado, da entidade adquirida.

Referências
Martins, E., Almeida, D. L., Martins, E. A., & Costa, P. S. (2010). Goodwill: uma análise dos conceitos utilizados em trabalhos científicos. Revista Contabilidade & Finanças, pp. 1-25.

 
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