Nenhum resultado encontrado.

IFRS 9 / CPC 48 - Perdas de crédito - Impairment - Processo

Tenha acesso ilimitado

Acesso a cursos, guias, artigos e vídeos. Sem pontuação CRC.

R$100

/mês

Começar Também preciso de pontos CRC
01/01/2017
Eric Barreto
Partner e Prof. do Insper

ORADOR 1 [00:00:00] Nesse capítulo, nós vamos falar um pouquinho sobre o processo de estimação da PD, a Probabilidade de Default.

ORADOR 1 [00:00:10] O IFRS-9 coloca algumas ponderações do que as perdas esperadas devem refletir e, nesse material, a gente fez alguns destaques, alguns negritos, algumas palavrinhas em vermelho. Então, o primeiro ponto diz que as perdas esperadas de crédito devem refletir um valor ponderado pela probabilidade, e aí a gente está falando da probabilidade de default, a probabilidade de ocorrer uma inadimplência, e imparcial.

ORADOR 1 [00:00:55] Imparcial, quando a gente usa essa palavrinha, a gente está jogando fora aquele conceito de conservadorismo. Então a gente não vai fazer uma provisão com o maior valor de perdas. A gente vai fazer uma provisão imparcial. Ou seja, aquilo que entidade realmente espera que vai ser perdido com eventos de crédito.

ORADOR 1 [00:01:22] O item B diz que essas perdas esperadas devem refletir o valor do dinheiro no tempo. E, por último, o item C diz que a gente deve utilizar informações razoáveis e sustentáveis, disponíveis, sem custo ou esforço indevido. O sem custo ou esforço indevido, não quer dizer que a gente não vai ter custo para obtenção dessas informações. Não quer dizer que a gente vai usar apenas informações obtidas sem custo algum.

ORADOR 1 [00:02:01] Esse ponto da norma, ele está querendo fazer referência ao seguinte: a gente está aproximando a contabilidade das atividades de gestão de risco. Então, a ideia é aproveitar o que existe em termos de gestão de risco de crédito para a gente fazer o provisionamento também.

ORADOR 1 [00:02:27] Obviamente, em um primeiro momento, em um momento de implantação do IFRS, é provável que as entidades tenham um custo maior para adaptar seus processos, até para entender se o processo atual atende o IFRS-9 em todos os seus aspectos, se vai ser necessário algum ajuste ou não.

ORADOR 1 [00:02:55] Bom, sobre o processo de estimativa, é importante a gente lembra que diferentes tipos de clientes, e diferentes tipos de transações, de produtos financeiros, vão ter riscos de crédito, vão ter comportamentos de inadimplência diferentes também. Então a gente trabalha com conceito de pools.

ORADOR 1 [00:03:21] Então a gente cria grupos de operações, por exemplo, por categoria de contraparte. Então, eu crio um grupo para clientes de varejo, um grupo para clientes de atacado. Esses de atacado, eu poderia fazer uma quebra por setor, ou fazer uma quebra por, por exemplo, corporate e large corporate, middle, ou upper middle. São classificações que as instituições costumam utilizar.

ORADOR 1 [00:03:57] O large corporate para aquelas maiores empresas; o corporate para empresas que são de grande porte também O upper middle para as empresas que são médias, mas estão quase lá, estão quase na categoria de grandes empresas. Então são classificações que são comuns na atribuição de categoria de contraparte.

ORADOR 1 [00:04:28] A gente vai criar pools por produtos também, porque cada produto tem características de garantia, características de fluxos de caixa, e mesmo de inadimplência, que podem ser diferentes. E dentro de cada produto, a gente pode dividir também os produtos com atraso, sem atraso, aqueles que estão em processo de cura, ou seja, eles tiveram um evento de default, e depois tiveram algum evento que trouxeram eles de volta a um risco de crédito mais baixo.

ORADOR 1 [00:05:14] Então a gente divide as operações nesses pools. Aqui a gente vê uma tabela, onde a gente tem três exemplos de pools. Então tem, por exemplo, o pool número um, que tem clientes na categoria varejo. Os pools um e dois têm clientes da categoria varejo. O pool um está utilizando o produto cheque especial; o pool dois, produto cartão de crédito.

ORADOR 1 [00:05:50] Então como a gente está fazendo um agrupamento de ativos com características comuns para quantificar a ação do risco de crédito, a gente pode ter um modelo associado a cada pool. Um modelo estatístico, um modelo quantitativo para cada um desses pools.

ORADOR 1 [00:06:11] E nesse processo, a gente vai, naquela história dos zeros e uns, onde zero quer dizer que a gente não teve um evento de default, e um quando a gente teve um evento de default, a gente vai calcular uma tendência central, uma probabilidade de default.

ORADOR 1 [00:06:39] Como a gente vai fazer isso? A gente vai pegar o número total de observações de uma amostra, e a gente vai comparar o número de operações com inadimplência, número de operações ruins. A gente vai comparar esse número com o total na amostra. E a gente vai ter uma tendência central da probabilidade de default.

ORADOR 1 [00:07:01] Essa tendência central está localizada em algum momento de um ciclo econômico. É lógico que a gente, ao fazer esse tipo de observação, a gente tenta utilizar um prazo de... Normalmente de uns cinco anos, mas um prazo que pegue um ciclo econômico completo, para a gente não ter um efeito muito forte de momentos de períodos de recessão, ou períodos de euforia.

ORADOR 1 [00:07:41] Então, para não ter muito esse efeito, a gente já procura fazer as observações em um período maior. Mas além disso, apesar disso, a gente nunca sabe exatamente em que ponto desse ciclo a gente está.

ORADOR 1 [00:07:57] Por exemplo, agora. Você não sabe exatamente se você está em um período de recessão, e essa recessão vai se agravar ainda mais. Ou se você já está em um momento de recuperação. A gente nunca sabe exatamente em que momento do ciclo a gente está. Isso, quando a gente olha no histórico, eu pego dez anos do passado, e olho no histórico, até consigo desenhar esse ciclo. Mas quando a gente fala do momento atual, é difícil a gente saber exatamente em que momento do ciclo a gente está, e principalmente prever o futuro.

ORADOR 1 [00:08:46] Então, por isso, o que se faz? A gente pega essa PD que foi calculada, essa PD que a gente chama de PD pointing in time, porque ela foi calculada em algum momento do ciclo econômico, e a gente faz um ajuste, transformando ela em uma PD acíclica.

ORADOR 1 [00:09:08] Isso vai ser importante para o IFRS-9. A gente vai falar mais à frente.

ORADOR 1 [00:09:15] Aqui você vê uma matriz de imigração. Matriz de imigração, veja que a gente tem lá vários ratings. Então aqui eu estou utilizando um padrão de rating, mas esses padrões de ratings poderiam ser os padrões utilizados na sua instituição.

ORADOR 1 [00:09:40] Em vez de rating, a gente poderia trocar esse rating também por probabilidade de default. Mas vamos explicar, o que é essa matriz de imigração?

ORADOR 1 [00:09:53] A gente tem várias operações, vários clientes que hoje são classificados, por exemplo, com o rating A. Como estarão esses clientes daqui um ano? Então a gente está usando uma matriz de imigração. Nessa matriz aqui, por exemplo, ela está dizendo que os clientes de rating A, daqui um ano, 0,09 desses clientes vão estar melhores, eles vão estar com o rating AAA.

ORADOR 1 [00:10:33] E 2.27 desses clientes vão estar com o rating AA. 91.05 desses clientes vão estar com o mesmo rating A. E aí a gente tem os clientes, as operações que estão com rating A, hoje, e que daqui um ano vão piorar. Então, 5.52 desses clientes provavelmente estarão com um rating BBB. 0.74 provavelmente estarão com rating BB. 0.26 provavelmente estarão com o rating B. E assim por diante.

ORADOR 1 [00:11:19] Então a matriz de imigração, ela serve para a gente projetar o rating futuro de operações que hoje tem uma determinada classificação. De operações ou de clientes.

ORADOR 1 [00:11:41] A gente vai utilizar essa matriz de imigração um pouquinho mais à frente, a gente vai falar sobre ela de novo, mas nesse ponto é importante a gente lembrar do elemento prospectivo mencionado pelo IFRS-9.

ORADOR 1 [00:11:56] O IFRS-9 não obriga as entidades a projetarem vários cenários futuros, múltiplos cenários, mas ele recomenda que se faça isso. Então, a recomendação é que as entidades, ao pensarem em perdas de crédito, esse pensamento deve ser prospectivo. Então, eu estou hoje pensando em probabilidade de default, utilizando perda histórica.

ORADOR 1 [00:12:29] Observei as perdas do passado para projetar perdas futuras. E lembra aquela historinha de que a gente tinha uma probabilidade de default, e a gente a transformou em uma PD acíclica?

ORADOR 1 [00:12:48] Agora, a gente pode fazer o contrário. A gente tem uma PD acíclica, e a gente pode criar, por exemplo, três cenários. Vamos criar um cenário provável, um cenário otimista e um cenário pessimista.

ORADOR 1 [00:13:06] Ou eu poderia criar um cenário provável e dois outros tipos de variações, ou mais variações. Sei lá. Isso aí vai depender de cada instituição. Então a gente vai utilizar as informações da equipe econômica da instituição para pensar nesses cenários, e aí a gente vai utilizar esse elemento prospectivo no cálculo da probabilidade de ocorrência de perdas.

ORADOR 1 [00:13:46] Então, importante. Vamos reforçar aqui mais uma vez. O IFRS-9 não obriga uma entidade a contemplar múltiplos cenários no cálculo das perdas de crédito. Mas ele recomenda que se faça isso. O que é importante é a gente pensar prospectivamente na probabilidade de ocorrer perdas, e na probabilidade de não ocorrer perdas.

ORADOR 1 [00:14:18] Uma vez que a gente pensou nesse cenários, a gente projetou cenários de taxa de juros, câmbio, nível de emprego, crescimento do PIB, então uma vez que a gente pensou em cenários para essas projeções, a gente poderia ajustar a matriz de imigração, e criar várias matrizes de imigração, ponderadas por estes cenários.

ORADOR 1 [00:14:54] Então a gente teria várias matrizes de imigração, e poderia fazer uma média ponderada dessas matrizes aí que estão sendo afetadas pelo cenário econômico, nós poderíamos criar uma uma ponderação para ter, no final, a probabilidade de default para cada um dos pools, para cada uma das classificações de risco ao longo de períodos futuros.

ORADOR 1 [00:15:37] Essa figura aqui está fazendo uma associação das PDs, as Possibilidades de Default com as curvas de juros, com a forma como a gente trabalha com taxas a termo, com estrutura a termo de taxa de juros.

ORADOR 1 [00:16:00] Normalmente, para fins de basileia, se calcula a probabilidade de default para 12 meses. Então ela já modelada para ser uma probabilidade de default em 12 meses. No IFRS-9, em alguns momentos a gente utiliza essa PD para 12 meses, e em alguns momentos, a gente utiliza a PD para toda a vida do instrumento financeiro.

ORADOR 1 [00:16:26] Então, o que a gente pode fazer? A gente calculou, inicialmente, uma PD de 12 meses, e utilizando matriz de imigração, utilizando essa ponderação de cenários econômicos, a gente pode projetar a PD para 18 meses, para 24 meses, para 36 meses. Ou seja, a gente vai criando várias PDs a termo.

ORADOR 1 [00:16:59] Por exemplo, vamos supor que a gente tenha a probabilidade de default para 12 meses, e a ente tem a probabilidade de default para 18 meses. A gente, a partir das matrizes de imigração, a partir dos cenários que a gente projetou, a gente calculou a PD para 12 meses, e extrapolou para 18 e para 24 meses.

ORADOR 1 [00:17:24] E a gente tem uma operação de 15 meses, fluxo de caixa de quinze meses. Quando a gente vai calcular a perda esperada nessa operação, que tem uma vida esperada de 15 meses, o que eu vou utilizar? Eu vou utilizar a PD de 12 meses, ou a PD de 18 meses?

ORADOR 1 [00:17:54] O que a gente pode fazer é uma interpolação. A gente pega a PD de 18 meses, a gente pega a PD de 12 meses, e faz uma interpolação para encontrar o que seria equivalente a uma PD de 15 meses.

ORADOR 1 [00:18:17] Isso não é regra, isso não está no IFRS-9, não está na norma contábil, mas é um expediente prático para a gente colocar isso no dia a dia, transformar isso em uma coisa realizável. Você calcular a PD para a vida esperada de um ativo financeiro, independente do prazo que esse ativo tenha.

ORADOR 1 [00:18:42] Então a gente está utilizando ferramentas existentes, a gente está adaptando ferramentas existentes para a realidade IFRS-9

Relacionados