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Swap Cambial

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20/10/2020
Berenice Righi Damke
Especialista em Gestão de Riscos Financeiros e Derivativos

ORADORA 1 [00:00:00] Esse vídeo é sobre swaps cambiais. Muito usados para hedge de dívidas. Em dólar ou reais. Vamos entender mais?

ORADORA 1 [00:00:02] Os swaps cambiais são são usados por muitas empresas brasileiras para trocar as taxas de juros de suas dívidas. Aqui, neste exemplo, eu quero pensar com vocês sobre um swap cambial. Mas vale lembrar que os swaps também podem ser usados para trocar taxas de juros em reais.

ORADORA 1 [00:00:31] Por exemplo, a companhia tem um CDI, e quer ficar pré-fixada, que é definir antecipadamente qual será o valor futuro a pagar por uma dívida. Ou, a companhia tem uma dívida atrelada ao IPCA, e decide que quer transformar isto para CDI. E assim nós poderíamos pensar em vários outros exemplos em que a companhia poderia trocar a sua taxa de juros de forma que ela troca uma taxa de juros que ela não quer mais por outra que ela deseja ter normalmente no seu endividamento.

ORADORA 1 [00:01:07] Aqui, estou assumindo, então, uma empresa que tem uma situação em que ela quer se proteger do risco de variação cambial. A empresa nesse caso, então, ela decide que não quer mais incorrer em risco de variação cambial. Vale comentar que nós temos encontrado, aqui na B3, companhias exportadoras que usam o swap para dolarizar dívidas em reais.

ORADORA 1 [00:01:36] Vamos ver alguns casos desses aqui nos nossos exemplos práticos mais à frente. Nesse momento, então, vamos pensar aqui em um exemplo envolvendo uma dívida dolarizada, e já lembra um ponto importante para vocês, que é: toda vez que trabalharmos com taxas de juros em dólar, ou também a variação cambial do real contra o dólar, estamos falando de juros lineares, juros simples, em que um ano tem 360 dias.

ORADORA 1 [00:02:14] Enquanto nas taxas de juros em reais, nós trabalhamos com juros compostos, em que um ano tem 252 dias úteis. Por que eu te dizendo isso? É porque precisaremos lembrar disso, precisaremos dessa informação para calcular o ajuste do swap.

ORADORA 1 [00:02:34] E esse ajuste, já te adianto, que é um pouquinho mais complexo do que nós aprendemos no NDF e nas opções, porque, diferente daquelas situações em que nós já tínhamos estudo a valor futuro, o swap é negociado a valor presente. E, portanto, o ajuste no vencimento passa por um cálculo de valor futuro de cada uma das pontas do swap com suas respectivas taxa de juros. Vamos entender?

ORADORA 1 [00:03:08] Nesta situação-problema, temos uma empresa que tomou um milhão de dólares junto à sua matriz, e a matriz decidiu que ela deve pagar de volta o valor em dólares. Ou seja, se essa empresa está aqui no Brasil e gera receitas em reais, e sofrerá variação cambial, é problema da empresa aqui no Brasil. A matriz quer receber de volta seu um milhão de dólares. A além disso, quer uma taxa de juros de 5% ao ano em dólar.

ORADORA 1 [00:03:43] Nesse caso, a missão da empresa aqui no Brasil, então, tem duas partes: uma, se proteger deste risco de variação cambial, que poderá fazer com que a empresa gaste mais reais do que ela gostaria pagando essa conta em dólar. E além disso, claro, precisa gerar caixa para pagar esse juros de 5% em dólar.

ORADORA 1 [00:04:04] Ou seja, como neste caso a empresa não é exportadora, não gera receitas em dólar, não tem nenhum tipo de hedge natural, ela decidiu que ela vai trocar a taxa de juros, que era dolarizada, custava a variação cambial mais cinco, por uma taxa de juros em reais.

ORADORA 1 [00:04:24] E aqui ela decidiu ficar devendo CDI. Foi até o seu banco de relacionamento e fez uma operação no mercado de balcão. Sim. Porque o swap, via de regra, é sempre uma operação de balcão, customizada. E dessa forma, o banco que fez com ela a operação, cotou um milhão de dólares, para 360 dias, ao custo de operação cambial mais cinco, e ao fazer esses cálculos por equivalência de taxas de juros, concluiu que o custo em reais é de 110% do CDI.

ORADORA 1 [00:05:01] Sim, o que está por baixo dessa história nada mais são do que os futuros, que referenciam as cotações de todas as operações de derivativos do nosso país. E nesse caso, os futuros envolvidos são: o dólar futuro, o cupom cambial, que será comparado com este 5%, e a taxa pré-fixada, equivalente a 100% do CDI, que nesse caso foi ajustada a 110% do CDI ao término da cotação, já incluindo o spread do banco.

ORADORA 1 [00:05:35] Aqui dentro também tem, claro, os custos operacionais, os riscos incorridos, e o spread que os bancos colocam quando eles fazem as operações de mercado de balcão.

ORADORA 1 [00:05:48] Então, a questão aqui é que agora esta companhia deve se preocupar em gerar caixa e ter reais suficientes para conseguir pagar o volume, cujo custo agora é de 110% do CDI. Então houve uma troca. Troca de uma taxa de juros em dólar por uma taxa de juros em reais. E nesse caso, o que quer que aconteça com o dólar, ou com o CDI, a companhia ficará devendo 110% do CDI e, claro, a quantidade de reais equivalentes a essa cota.

ORADORA 1 [00:06:26] Vale comentar, então, que por trás dessa cotação, está esta fórmula aqui, que nós já vimos quando falamos dos futuros. Lembram-se dela? Isso. Então, só para a gente resgatar, e fixar mais uma vez esse conhecimento, existe uma fórmula que rege a precificação do dólar futuro, e é muito usada nessas cotações de derivativos cambiais. E ela também está por trás do swap.

ORADORA 1 [00:06:55] Então, esta fórmula nos faz perceber o seguinte: que para uma data futura, existe uma equivalência entre um determinado dólar futuro, previsto para aquela data, e a taxa de juros em reais, o cupom, que é a taxa de juros em dólar, e, claro, também, o câmbio de curto prazo, que é o que a gente chama de taxa spot, ou comercial.

ORADORA 1 [00:07:23] Vejam que quando você tem um swap, é como se você estivesse abrindo essa parte aqui da fórmula, e negociando isso de maneira separada. Então você tem em um swap uma ponta ativa, o que você recebe, e uma ponta passiva, o que você paga. E essa ponta ativa, então, ela pode ser um DI, ou uma taxa pré em reais, ou ela pode ser o cupom somado da variação cambial.

ORADORA 1 [00:07:54] Ficar ativo ou passivo no dólar depende da sua estratégia. Então, se eu quero dolarizar uma dívida em reais, eu devo trocar o endividamento de tal forma em que eu passe a dever o dólar. Por outro lado, se eu tenho uma dívida dolarizada e quero transformar em reais, eu preciso organizar esse meu swap de tal forma que, através do swap, eu transformo uma dívida de dólar para reais.

ORADORA 1 [00:08:23] Ou seja, como é que eu melhoro o jeito de estruturar um swap e não se perder nessa história das pontas? Sabe como é? Vou te contar. Assim. Coloca aqui ativo, passivo, paga e recebe. Começa pensando no seu ponto de partida, que no meu exemplo é uma companhia que tomou uma dívida dolarizada junto à sua matriz, e eu coloquei essa dívida aqui, no passivo.

ORADORA 1 [00:08:53] Essa dívida é de um milhão de dólares, pelo prazo de um ano, e custa a variação cambial mais 5% ao ano, que é o que a matriz cobrou da filial.

ORADORA 1 [00:09:03] Mas só que a filial, como não é exportadora, não quer seguir devendo dólar, e portanto, ela fez um swap para trocar essa taxa de juros. E assim, para construir esse swap, você pensa, primeiro: como é que você vai zerar esse risco que a empresa não quer mais?

ORADORA 1 [00:09:23] Se é um passivo, ele vem para o lado de cá, vira um ativo. E esse ativo tem que ser igualzinho àquele passivo para zerar. Ou seja, tem que ser o mesmo volume, o mesmo prazo, e a mesmíssima taxa. "Ah, e se eu fizer uma taxa um pouquinho diferente?". Não vai bater a conta.

ORADORA 1 [00:09:45] Se você quer fazer um hedge perfeito, tem que ser igualzinho. Do ponto de vista de volume, de prazo e de taxa. E vamos lembrar que todos os derivativos têm imposto de renda. Então, aqui no Brasil, às vezes a gente não chega no hedge perfeito porque, do ponto de vista do resultado final, sobre o ajuste positivo, incide o imposto.

ORADORA 1 [00:10:12] Imposto de renda, que no caso de swap, segue a tabela regressiva de imposto de renda sobre renda fixa. Sim, gente, porque a receita considera a swap como sendo renda fixa. Futuros, termos e opções são considerados renda variável, e tem IR de 15% independente do prazo, recolhido via DARF.

ORADORA 1 [00:10:36] Mas no swap, quando você recebe um ajuste positivo no vencimento, esse ajuste já virá creditado depois de imposto, ou seja, líquido de imposto. Então é isso que às vezes dá alguma ineficiência no swap, e, aliás, é um motivo pelo qual muita empresa têm preferido, nos últimos anos, fazer um NDF, e não um swap, mas o swap, para a regra de dívida, ele é muito usado, porque ele permite justamente você fazer esse encontro perfeito entre prazos, volumes, taxa de juros envolvidos na operação.

ORADORA 1 [00:11:12] E longo prazo, então, é mais usado, principalmente, porque o imposto de renda, para prazos acima de dois anos, passa a ser 15% também, fica menos ineficiente. Então, organizado esse swap, de um lado eu tenho a situação original, que eu quero proteger, que é a dívida. Criei um ativo igualzinho a essa dívida e, contrapartida disso, que eu passo a ter um passivo de mesmo volume, um milhão de dólares, mesmo prazo, um ano. Só que agora custando 110% do CDI.

ORADORA 1 [00:11:48] E dessa forma eu troquei algo que eu não queria, que era ficar devendo em dólar, por algo que eu queria, que era ficar devendo em CDI. Então agora, vamos entender como calcular o ajuste do swap. Sim, fiz uma planilha para ajudar a gente nessa missão. A planilha está disponível junto dos materiais desse curso. Te convido a abrir essa planilha, e junto comigo, entender esse cálculo. É importante.

ORADORA 1 [00:12:16] O cálculo do swap acontece uma única vez no vencimento. Ao longo do caminho da operação, você pode calcular a marcação a mercado, que é como se você tivesse tendo, ao longo deste swap, verificar quanto você teria a pagar ou a receber dado àquela situação de câmbio e taxa de juros, CDI atual.

ORADORA 1 [00:12:43] Bem, vamos fazer esse cálculo, então. Nós temos que pensar sobre cenários no vencimento, e é isso o que nós vamos ver agora, usando a planilha.