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Introdução a Derivativos - Casos Aplicados de Uso de Derivativos, por empresas listadas na B3, em 2020: - Caso Prático 1 - Macopolo

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20/10/2020
Berenice Righi Damke
Especialista em Gestão de Riscos Financeiros e Derivativos

Este vídeo traz exemplos práticos de como empresas listadas na B3 usam derivativos para se proteger de situações de riscos financeiros. Ou seja, para fins de hedge.

Nosso primeiro caso é sobre a Marcopolo. Aqui nós temos uma parte das demonstrações financeiras da empresa e este é do segundo trimestre de 2019 no ITR da companhia publicado no seu site de relações com investidores.

Aqui eu fiz um destaque para vocês de como a empresa está mostrando para os investidores primeiro a sua exposição cambial. Tomando por base o consolidado em setembro de 2019, a empresa tinha esta situação aqui de contas a receber, fornecedores, empréstimos e, claro também, é uma companhia que usa derivativos para fins de hedge e colocou aqui os forwards que possuía.

Vejam que a Marcopolo, naquele momento, tinha diferentes moedas nos seus fluxos de caixa a receber e a pagar: dólares americanos, australianos, pesos, moedas das diferentes regiões em que a companhia tem negócios e efetua vendas e também tem suas plantas fabris.

Bem, a empresa mostra para a gente essa tabela, ela está justamente querendo nos ajudar a entender a sua exposição cambial líquida. Aquele tema que a gente acabou de falar aqui no vídeo anterior.

Então, quando a gente faz essa conta aqui, eu até fiz um destaque para você entender... Quando a gente olha para essa exposição cambial líquida do ponto de vista do volume estritamente, então nós temos: contas a receber, contas a pagar ou fornecedores e empréstimos.

E somando isso tudo, vejam que do ponto de vista líquido, a companhia tem mais a pagar do que para receber, por quê? Porque essa linha de empréstimos é bastante volumosa.

Isso é comum em empresas exportadoras. Por que, gente? É muito comum essas empresas tomarem o endividamento de longo prazo, linhas de crédito de longo prazo para financiar as exportações e os investimentos que fazem.

Porém, as exportações normalmente não acontecem com tanta antecedência assim. E dessa forma, na contabilidade, as exportações vão aparecendo ao longo dos anos e vão, claro, gerando algum hedge natural para a dívida dolarizada.

Mas é comum que quando você faz um corte trimestral ou anual, você encontre essas empresas exportadoras com mais dívidas do que recebimentos, se elas forem companhias que usam dívida recorrentemente para se financiar por causa do prazo.

Então, exportação vem num prazo mais curto, a dívida vem num prazo mais longo e do ponto de vista de volume acaba então te passando essa percepção de companhia [inaudível] ou devedora em dólar.

Bem, uma das formas que você tem de mitigar o impacto dessa variação cambial sobre o resultado, agora não estamos falando de caixa, mas de resultado da companhia é a adoção hedge accounting.

Então, essa companhia, a Marcopolo, é uma companhia que poderia sim se beneficiar, se adotasse o hedge accounting, porque desta maneira ela teria uma suavização do impacto da variação cambial sobre o seu resultado.

Por fim, também olhando para os volumes contratados de forwards, a gente tenderia a sugerir que a companhia contratasse um pouco mais de NDF, para assim fazer mais fazer mais hedges desses valores que ela tem a receber.

E nesse caso, então, ela poderia fazer, do ponto de vista de prazos e volumes, um casamento com o seu contas a receber ou, eventualmente, com o seu contas a pagar, decidindo se por privilegiar o resultado ou privilegiar o caixa.

Aqui de novo, gente, não tem o jeito certo de fazer. Tem companhias que focam no caixa e traçam as suas estratégias de hedge pensando no caixa, e outras que focam no resultado e, principalmente, no resultado em reais por estarem no Brasil, aqui na B3 produzindo resultado e pagando dividendos em reais.

E aí, nesse caso então, por exemplo, se a Marcopolo decidisse focar em resultado, talvez ela pudesse fazer mais o NDF hedgeando essa exposição cambial líquida, que é do ponto de vista líquido, devedor em dólar. Ou seja, para fazer um hedge do que devemos em dólar, aqui então compraríamos um NDF para, num movimento de alta de câmbio, não ter tanto impacto no resultado, né? Por quê?

Se a companhia líquida devedora em dólar e o câmbio começam a subir muito, isso vira uma despesa de variação cambial, reduz lucro, incomoda às vezes o acionista que quer ver o resultado de reais, certo? Então é uma estratégia que pode ser pensada em conjunto com a adoção do hedge accounting e pode beneficiar os resultados de Marcopolo.