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Investimento - Adequação dos Produtos

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01/01/2017
Eric Barreto
Partner e Prof. do Insper

Adequação dos produtos. Não é uma tarefa simples adequar os produtos de investimento ao perfil do investidor. Por isso que, em algumas aquisições de investimentos, a CVM exige que se faça o API, Análise do Perfil do Investidor. Um excelente API permite conhecer o objetivo do investidor, o horizonte do investimento, risco x retorno, diversificação e, principalmente, se ele é conhecedor do mercado financeiro e de capitais.

Sempre tenha em mente que todo investidor tem um objetivo, mesmo que não esteja declarado. Entenda como: qual a finalidade de investir? Essa finalidade pode ser entendida como aumento de patrimônio, comprar uma casa, comprar um carro, fazer uma viagem para o exterior, estudar fora, recursos para a faculdade dos filhos, enfim. Pode ser qualquer coisa. Outro ponto interessante é que essa finalidade está associada a um prazo, que nós podemos chamar de "horizonte de investimento".

Veja alguns exemplos. Maikon de 28 anos, noivo, recebeu uma herança do avô no valor de R$ 200 mil. Ele pretende aplicar esse recurso por um tempo, até encontrar um imóvel residencial que atenda às suas necessidades. Francisco de 35 anos, casado, possui R$ 150 mil de recursos livres e quer investir com o objetivo de melhorar a sua aposentadoria e manter seu padrão de vida. Ele irá se aposentar daqui a 30 anos.

São dois perfis diferentes e com horizontes de investimentos diferentes. Maikon não pretende investir com longo prazo, porque seu objetivo é a aquisição de um bem imóvel. Portanto, investir em papéis de boa rentabilidade e, principalmente, liquidez, atenderá seu perfil. Já Francisco objetiva estabilidade no seu futuro. Seu foco é o longo prazo.

Você, que pretende atuar como orientador financeiro, é importante entender o perfil do investidor para alocar o recurso nos melhores papéis. Lembre-se: o melhor não é o mais rentável, e sim o que atende ao perfil do investidor. Com certeza, ter o maior retorno possível sem correr nenhum risco seria o mundo ideal. Mas isso não é possível. Diante de várias opções de investimento, o investidor deve ser capaz de escolher aquela que melhor atende sua necessidade, considerando os riscos e os retornos esperados.

Embora você conheça investidores arrojados, que suportam altos níveis de risco em busca de rentabilidade, existem os conservadores, que optam por proteção de capital mesmo que tenham retornos menores. Entre esses extremos, existem múltiplos perfis de investidores, e que estão dispostos a assumir algum tipo de risco. Observe o gráfico. Analisando o gráfico, percebe-se que o fundo A e o fundo B possuem o mesmo grau de risco. Porém, o fundo B é mais atrativo por ser mais rentável. Porém, o fundo mais atrativo é acessível a todos os investidores.

Suponha que o fundo A exija aplicação inicial de R$ 1 mil e o fundo B de R$ 500 mil. Veja, o fundo B é mais atrativo, mas exige que o investidor tenha disponíveis R$ 500 mil iniciais para aplicar. Ainda que o fundo B seja mais atrativo, pode não ser a melhor opção. Já o fundo D é o mais rentável e de maior risco. O investidor deve ter o perfil arrojado, tendo ciência que a possibilidade de perda, inclusive do capital, é grande.

Você lembra quando falamos sobre o risco de mercado no tópico "concentração"? Lá, abordamos o exemplo da cesta de ovos. Se todos os ovos estiverem na mesma cesta e ela cair, todos podem se quebrar. Observe que, em um país, presidente e vice-presidente não viaja no mesmo avião. Porque, em caso de algum acidente, o país poderá ficar sem comando. O mesmo exemplo acontece em grandes empresas. Os membros do conselho, sócios, nunca viajam juntos.

Diversifica-se uma carteira de investimentos para diminuir o seu risco. A compra de uma variedade de papéis e títulos faz com que o risco associado a cada um desses componentes individuais da carteira seja atenuado pelo conjunto. A diversificação visa a redução do risco. Mas, por mais eficiente que seja, não consegue eliminá-lo. No entanto, a chance de que perdas ocorram com todos os ativos que compõem uma carteira de investimentos, é muito menor do que a probabilidade de apenas um.

Observe as ilustrações. Em sua opinião, qual investidor tem maior possibilidade de perda ou ganho? O foco da diversificação é controlar o risco sistemático e o risco não sistemático. Risco sistemático é a volatilidade do ativo ocasionada por fatores comuns que afetam todos os demais ativos. Exemplo: eleições presidenciais. O risco não-sistemático é a volatilidade do ativo que tem sua origem nas características do próprio ativo. Exemplo: um acidente nas plataformas de exploração da Petrobras afetará somente as ações dessa empresa.

Não esqueça isso: a diversificação, por mais eficiente que seja, consegue eliminar somente o risco não-sistemático, o risco próprio do ativo. Já o risco sistemático decorre de fatos que afetam todos os ativos. Para solidificar o conceito, veja esse exemplo. Suponha que você tenha R$ 100 na sua carteira, e alguém aposte com você a possibilidade de ganhar mais R$ 100 em um jogo de cara ou coroa. Se você tirar "cara", ganha os R$ 100, se tirar "coroa", perde os R$ 100. Estatisticamente, o que significa? Pense um pouco.

Você tem 50% de chances de ganhar R$ 100 e 50% de perder R$ 100. O que você poderia propor é fazer 100 apostas de R$ 1, já que você tem os mesmos 50%. Praticamente, o risco de perda não existiria, como no gráfico. Veja que o gráfico apresenta dois fundos de setores diferentes da economia. Quando o desempenho do setor do fundo A é positivo, o fundo B tem queda. Já quando o setor da economia do fundo B tem bom desempenho, o fundo A sofre queda. Esse comportamento traz um equilíbrio entre ganhos e perdas à carteira do investidor. Ou seja, ganhos compensam as possíveis perdas. Essa é uma das vantagens da diversificação para o investidor.

Entender o bom funcionamento do mercado financeiro possibilita a escolha de investimentos mais adequados, principalmente para os cenários de curto, médio e longo prazo, alinhado com seus objetivos de investimento. Possuir experiência em investimentos ajuda na hora das escolhas. Mas não significa que não necessita de orientações. Principalmente se o investidor deseja conhecer outros mercados como, por exemplo, o de renda variável.

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