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Contabilidade

IAS 28 / CPC 18 (R2) - Teste de Impairment - Reversão, goodwill e abordagens de valor em uso - Taxas de desconto

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01/01/2018
Eric Barreto
Partner e Prof. do Insper

Eric [00:00:00] Uma das coisas mais importantes na determinação da taxa de desconto, seja num projeto de valuation, quando você está avaliando um negócio, avaliando uma empresa para quaisquer fins, para aquisição ou para venda de uma empresa, por exemplo, ou quando a gente está avaliando uma empresa, um negócio, uma unidade geradora de caixa para saber se deve reconhecer uma perda por impairment ou não, em quaisquer situações é bastante importante que a taxa de desconto esteja coerente com os fluxos de caixa projetados.

Eric [00:00:43] Então as taxas de desconto: "Não devem refletir riscos pelos quais os fluxos de caixa estimados já foram ajustados." Então tem que ter uma coerência entre fluxo de caixa estimado e taxa de desconto para a gente não considerar o mesmo risco duas vezes ou não deixar de considerar alguma coisa, algum risco, alguma entrada, tem sempre que verificar coerência do que a gente está colocando nos fluxos de caixa e na taxa de desconto.

P1 [00:01:27] A norma contábil de impairment diz que como ponto de partida para taxa de desconto pode se utilizar o CAPM. Então ela fala: "Como ponto de partida, você pode considerar o custo médio ponderado de capital da entidade", o modelo CAPM, que é para você precificar ativos. A partir desse modelo a gente vai calcular o custo de capital próprio da entidade: "Ah, legal, considerei então na taxa de desconto o custo de capital próprio", porém, as entidades, para financiar ativos, também precisam de recursos de terceiros.

P1 [00:02:17] Então a norma fala, você deve considerar também, como ponto de partida, além do custo de capital próprio do CAPM: "Taxa incremental de empréstimo para entidade ou outras taxas de empréstimo de mercado. "

P1 [00:02:33] Ela fala em taxas de mercado, não fala de taxas de empréstimos da própria entidade, a gente não considera o risco da própria entidade, mas as taxas de empréstimos de mercado. Isso é o que está escrito na norma contábil, na prática, se vocês procurarem notas explicativas das empresas, vocês vão ver que elas acabam fazendo algo parecido com isso, mas não é exatamente o que está escrito na norma.

P1 [00:03:08] O que elas fazem é calcular o WACC, ou W.A.C.C, que é o custo médio ponderado de capital, quer dizer, você pega o custo de capital próprio, normalmente calculado pelo CAPM, você pega o custo de capital de terceiros da própria entidade que normalmente é utilizado, e você faz uma média ponderada.

P1 [00:03:37] Se eu uso, por exemplo: 30% de capital próprio e 70% de terceiros, eu vou ponderar 30% do CAPM, e 70% do custo de captação de terceiros, do custo de dívida da empresa e vou calcular uma taxa proporcional, uma taxa média ponderada.

P1 [00:04:05] Então na prática, normalmente, se utiliza o WACC para essas situações. Na norma, se a gente for aplicar a norma direitinho da forma como ela está escrita, a gente não deveria utilizar o custo de financiamento da própria entidade ou a ponderação da própria entidade, por quê?

P1 [00:04:29] Porque a gente está testando ativos, e isso independe da forma como esses ativos estão sendo financiados. Então o que seria mais adequado? Eu utilizar uma taxa de empréstimo de mercado para empresas do mesmo segmento da empresa que eu estou testando, da empresa de report, e utilizar uma taxa, uma ponderação de capital de terceiros e capital próprio, média também daquele setor.

P1 [00:05:10] Então dessa forma, a gente estaria respondendo a norma de forma mais precisa, mas de novo, na prática, as empresas costumam utilizar o WACC da própria empresa. Também não acho, na minha visão individual, não acho que é uma coisa inadequada, mas se vocês tiverem problema com a validação disso, é importante saber que a norma contábil fala sobre isso, que você deve considerar uma taxa de empréstimo de mercado e não considerar o custo de capital, custo de financiamento da própria empresa, os recursos de terceiros a própria empresa.

P1 [00:06:05] Quanto ao CAPM, modelo CAPM: a gente tem um material pequeno no curso que fala sobre CAPM, sobre essa formação dessa taxa de juros, dessa taxa de desconto. Aqui nesse slide, a gente vai apresentar brevemente o CAPM.

P1 [00:06:32] Então o custo de equity, custo de capital próprio, é igual a: RF, que é risk-free rate, essa taxa é a taxa de juros livre de risco, que normalmente, como eu disse, a gente utiliza taxa de desconto... A taxa de juros dos bonds norte-americanos.

Eric [00:07:00] Então a gente utiliza essa taxa, acrescenta um beta, que é um coeficiente que... Ele é um coeficiente relacionado ao risco das entidades ou dos negócios que estão sendo mensurados. Então esse beta está multiplicando uma diferença entre Rm e Rf. Rm é o retorno de mercado, o quanto o mercado paga acima da taxa de juros livre de risco, e a própria taxa livre de risco.

Eric [00:07:41] Então isso aqui é um prêmio de mercado. Supondo que eu tenho uma empresa que tem um risco exatamente igual a média do mercado, eu teria um beta igual a um, então o retorno esperado por essa empresa seria a taxa livre de risco mais esse prêmio de mercado.

Eric [00:08:05] Se eu tiver uma empresa com risco alto, o beta deve ser grande, então eu tenho que ganhar mais do que o mercado paga porque eu tenho um risco maior do que o risco de mercado. Se eu tenho uma empresa que tem um risco baixo, empresa que tem risco baixo é aquela que, normalmente, não tem muita volatilidade nas suas cotações, então essa empresa que tem um risco baixo deve ter um beta pequeno.

Eric [00:08:34] Algumas vezes, a empresa tem um beta menor do que um, ou seja, eu posso ter um retorno até menor do que o pago pela média do mercado porque eu estou correndo menos risco investindo nessa empresa ou nesse tipo de negócio.

P1 [00:08:55] Então esta é a base do CAPM, de como ele é calculado. Obviamente, como a gente está utilizando aqui taxa de juros dos bonds emitidos pelo governo americano, se a gente está avaliando uma empresa no Brasil, a gente precisa acrescentar o risco Brasil. Outra coisa, esses betas, normalmente, são divulgados por empresa, então se eu estou avaliando uma empresa do setor de energia, o que eu vou fazer? Eu vou pegar várias empresas do setor de energia e vou calcular uma média.

P1 [00:09:35] Aí tem que tomar um outro cuidado, que é: esse beta é influenciado não só pelo setor que a empresa está atuando, não só pelo negócio dela, no exemplo que eu dei aqui, setor de energia, mas ele é impactado pelo grau de alavancagem da empresa.

P1 [00:09:55] Então cada uma dessas empresas que tem um beta divulgado, tem um grau de alavancagem diferente. O grau de alavancagem tem relação com o endividamento da empresa, quanto maior a dívida a gente fala que a empresa é mais alavancada. Então a empresa mais alavancada tem mais dívida, então ela tem mais risco, ou seja, eu exijo um retorno maior, eu devo provavelmente ter um beta maior para essas empresas.

P1 [00:10:24] Em virtude disso, se a gente pegar um beta específico de uma empresa, ele vai estar impactado pela alavancagem da empresa, então para a gente calcular uma média, a gente tem que desalavancar o beta, ou seja, a gente vai multiplicar esse beta pela proporção de capital próprio é capital de terceiros que essa empresa utiliza para ter um beta desalavancado, e aí sim a gente fazer a média do setor. A média do setor seria um beta desalavancado, e depois, quando eu for utilizar essa taxa, eu vou alavancar esse beta novamente.

P1 [00:11:09] Sugiro que se vocês forem fazer cálculo de taxa de desconto usando CAPM, usando WACC, estuda um pouquinho sobre esse procedimento de alavancagem, desalavancagem.

P1 [00:11:24] Uma literatura interessante para isso, se você vai se enveredar para esse caminho da avaliação, e precisa entender um pouco mais de taxa de desconto, tem um clássico sobre avaliação de empresas, que é o livro do Damodaran, ele tem um guia de avaliação de empresas e outras outras obras também nessa área, e aqui no Brasil tem um livro que eu gosto bastante, que tem como um dos autores o professor Ricardo Goulart Serra, que dá aula comigo no Insper, meu colega de Insper.

P1 [00:12:10] Este é um livro bastante didático tanto na parte que fala sobre projeções de fluxo de caixa, mas principalmente, no tratamento de taxas de desconto, nesse livro ele fala legal sobre o WACC, sobre os e a CAPM, que é algo que já foge um pouquinho do escopo da norma de impairment, apesar da gente fazer uso dessas taxas.

Eric [00:12:39] Então recomendo fortemente que vocês, se precisarem estudar um pouco mais sobre taxa de desconto, que busquem esse livro do Professor Ricardo Serra, que é bastante interessante.

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