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Petrobras: oportunidade ou mico?

Petrobras: oportunidade ou mico?
20/08/2014
Eric Barreto
Partner e Prof. do Insper

Um dia após as eleições presidenciais, a Avenida Faria Lima, endereço dos principais participantes do mercado financeiro amanhece triste, indignada com a derrota do candidato preferido do mercado. A Bolsa de Valores reflete esse humor, sendo liderado por uma queda de mais de 10% nos papéis da Petrobras, mas, tecnicamente falando, será que a Petrobras merece toda essa fúria?

Desde o início desse ano, tenho conversado com diversos especialistas e acompanhado os números da Petrobras e das suas concorrentes internacionais. As receitas e o lucro em queda não são privilégio da brasileira, embora sua rentabilidade esteja bem abaixo das rivais. Para sermos justos, temos que entender a estatal como dois negócios distintos: a Petrobras do segmento Upstream (exploração, perfuração e produção) e a Petrobras do segmento Downstream (refinamento, distribuição e comercialização).

No segmento Upstream, a rentabilidade da brasileira tem estado no mesmo nível das suas rivais, enquanto que o maior segmento em receitas, Downstream, tem trabalhado com margens negativas nos últimos anos, fazendo com que esse segmento consumisse o caixa gerado pelo outro.

O grande problema de Downstream foi a tentativa do governo de reter a inflação, represando os preços dos combustíveis. Com os preços de venda inferiores aos de compra, o negócio se torna inviável. Em Upstream, a decepção do mercado vem principalmente do atraso na produção que era planejada para o pré-sal. Além disso, denúncias de corrupção e falta de governança minaram a confiança dos investidores na companhia. Dado o cenário, o que o futuro nos reserva?

Esse não é um simples exercício de futurologia, mas de projeção dos números atuais para as expectativas em relação à companhia. O cenário político ainda deve provocar volatilidade nos papéis da companhia, mas 2014 não decreta o fim da estatal, e muito menos o fim do Brasil, termo emprestado da manchete sensacionalista que alguns economistas recriaram para defender suas ideias.

O grande risco da companhia será sua geração de caixa no curto prazo. A operação continua gerando caixa positivo, porém, insuficiente para cobrir os investimentos planejados, as amortizações de dívida e os pagamentos de dividendos, e isso deve fazer com que a companhia recorra a novas captações nos próximos meses, operações que tendem a ser mais complexas em momentos nos quais a percepção de risco é alta. Com a queda nos preços internacionais do petróleo, a Petrobras deixou de ter uma grande defasagem no segmento de Downstream, o que deve dar fôlego à companhia a partir do último trimestre de 2014. O cenário, que é positivo para esse segmento, não cai tão bem para Upstream, que deve ter preços de venda menores. Por último, o grande trunfo da companhia será o crescimento da produção, que está começando a aparecer.

Investir em Petrobras não é para os fracos, investidores que seguem a manada, comprando ações caras em momentos de euforia e vendendo no auge da crise, realizando suas perdas e fazendo a alegria dos que têm estômago mais forte. Em uma perspectiva de longo prazo, acredito na valorização da companhia, mas para os investidores que não suportam a volatilidade, os títulos de renda fixa podem ser uma boa opção interessante.

 
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